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O projeto POPARU
e a área arqueológica
de Foz do Chapecó

O projeto Povoamentos Pré-históricos do Alto Rio Uruguai (POPARU) é liderado por Antoine Lourdeau (Muséum National d'Histoire Naturelle, França), Mirian Carbonera (Universidade Comunitária da Região de Chapecó, Brasil) e Marcos César Pereira Santos (Universidade Federal de Pelotas, Brasil). Envolve trabalho de campo recorrente desde 2013 na região arqueológica conhecida como "Foz do Chapecó", às margens do rio Uruguai, no oeste do estado de Santa Catarina e no noroeste do estado do Rio Grande do Sul.

 

Até pouco tempo, os dados arqueológicos anteriores ao último milênio e meio na região limitaram-se principalmente a alguns achados no município de Itapiranga, datados de cerca de 9.000 anos antes do presente. Eram pedras lascadas sem boa contextualização estratigráfica, descobertas por João Alfredo Rohr entre 1966 e 1968. No começo dos anos 2000, teve início a construção da hidrelétrica Foz do Chapecó, cerca de 60 quilômetros rio acima, em uma curva do rio Uruguai. A pesquisa de arqueologia preventiva realizada pela empresa Scientia Consultoria Científica revelou um potencial arqueológico insuspeito. Além dos ricos vestígios dos últimos ocupantes ameríndios do vale, associados à tradição arqueológica Tupiguarani, três sítios arqueológicos revelaram níveis de ocupação que datam do início do Holoceno (entre 9.500 e 8.000 anos antes do presente), com uma indústria de pedra lascada até então desconhecida na pré-história brasileira, incluindo a produção em série de lâminas.

 

Em vista desses resultados iniciais animadores e da importância do vale do rio Uruguai para a compreensão dos assentamentos pré-históricos do sul do Brasil e da bacia do Rio da Prata, decidimos dar continuidade a essa pesquisa de arqueologia preventiva com um programa arqueológico acadêmico sobre os sítios da Foz do Chapecó como parte do projeto POPARU.

 

Dois desses sítios estão sendo escavados atualmente: Linha Policial 7 e Uruguai 1.

Essa pesquisa confirma e amplia a sequência arqueológica local. As primeiras ocupações conhecidas datam de 12.000 anos antes do presente. Entre 10.500 e 9.500 anos atrás, há uma grande quantidade de dados arqueológicos em ambos os lados do rio Uruguai. Eles correspondem a uma repetição de ocupações ao ar livre de curta duração, talvez para atividades de pesca. As técnicas e as ferramentas de pedra lascada usadas durante esse período são extremamente variadas. Os artefatos laminares mencionados em estudos anteriores são provenientes desse complexo arqueológico. Várias outras ocupações se seguiram do Holoceno inicial ao Holoceno recente, entre 8.000 e 3.000 anos atrás. Atualmente, elas estão sendo escavadas e estudadas em detalhes. Finalmente, na época em que os primeiros navios europeus chegaram à costa, no século XVI da nossa era, uma grande comunidade indígena vivia em Foz do Chapecó, associada à tradição arqueológica tupiguarani por meio de sua produção de cerâmica. Eles se agrupavam em grandes aldeias às margens do rio e enterravam seus mortos nos arredores, em grandes vasilhames de cerâmica ou diretamente no solo.

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